Uma área particularmente próspera para as pseudo-ciências é a chamada Medicina Complementar e Alternativa (MCA). Esse assunto será freqüentemente abordado aqui. Um número surpreendentemente grande de pessoas recorre diariamente a homeopatia, quiropraxia, acupuntura e outras práticas, preferindo a MCA à medicina convencional. Nos Estados Unidos, uma pesquisa de 2002 indicou que 39% da população tinham usado MCA alguma vez em suas vidas. No Reino Unido eles chegam a 46%. Não conheço os números para o Brasil, mas talvez aqui sejam ainda maiores, dado que a homeopatia é reconhecida oficialmente como especialidade médica. O nome "Medicina Complementar e Alternativa"deveria levantar suspeitas: se essas práticas médicas fossem efetivas e tivessem fundamento científico elas certamente teriam sido absorvidas pela medicina convencional. O que leva tanta gente a buscar tratamentos alternativos? Um recente artigo publicado no Journal of Health Psychology tenta entender melhor essa questão. Os autores revisaram 94 artigos publicados anteriormente. Como bem notado no interessante comentário de Edzard Ernst, as conclusões trazem mais contradições do que consensos. No entanto, as evidências indicam que os usuários de MCA querem participar das decisões relativas a seus tratamentos, têm estilos de vida tolerantes e acreditam que podem controlar sua saúde. Eles valorizam abordagens não-tóxicas e holísticas à saúde, professam "sistemas pós-modernos de crenças" e se percebem como não-convencionais e espirituais. Alguns desses fatores sem dúvida remetem à forma como a medicina convencional é praticada. A maioria deles, no entanto, provavelmente têm a ver com a formação científica das pessoas e sua percepção da ciência como base para a medicina. Que pode ser feito a esse respeito? Não sei exatamente. É certo que uma formação para a ciência desde os primeiros anos de aprendizado e uma desmistificação do conhecimento científico podem ser algumas das boas alternativas.
Comentários