No início desse ano foi a Época. Agora é a poderosa FIESP. Grande imprensa e federação das indústrias unidas pela confusão conceitual, tão bem comentada com profundidade no Física na Veia!.
Num anúncio de página dupla (páginas B6 e B7) na edição dominical da Folha de São Paulo, a FIESP reclama do preço cobrado pela energia brasileira. Curiosamente, em todo o anúncio não é dito nenhuma vez que eles estão se referindo às tarifas da energia elétrica.
O pior é quando o anúncio denuncia que o preço médio da energia (elétrica, subentende-se) vendido nas usinas é de R$ 90,98 por megawatt/hora. Essa unidade meio estranha se repete outras vezes no texto.
O que há de errado nisso? Simples: megawatt/hora não é uma unidade de energia! o Watt é uma unidade de potência no Sistema Internacional de Unidades (SI), adotado no Brasil. A unidade de energia é o Joule. Um Watt corresponde a um Joule/s. Em sistemas elétricos é comum utilizar-se a unidade prática Watt.hora, que corresponde a uma potência de um Watt utilizada durante uma hora. Um megaWatt.hora (MWh) corresponde a um milhão (10 elevado à potência 6) Watts.hora.
As concessionárias cobram pela energia consumida, não pela variação da potência com o tempo, como sugere a campanha da FIESP. Se o texto da FIESP estivesse correto, poderíamos deixar todas as luzes, computadores e chuveiros elétricos da casa funcionando o tempo todo e não pagaríamos nada por isso desde que não houvesse variação da potência utilizada.
Na própria página da campanha o megawatt/hora aparece impune na seção chamada "Entenda" (!).
Uma entidade como a FIESP, povoada por engenheiros, devia ser um pouco mais cuidadosa com unidades em seus textos oficiais.
Motivado pela campanha fui conferir minha conta de luz. A CPFL cobra aqui em Campinas R$ 0,32882 pelo kWh, ou seja, R$ 328,82 pelo MWh. Isso é mais de 3 vezes o custo médio na usina! Pagamos pela distribuição o dobro do que pagamos pela geração. Há uma publicação muito legal que compara os preços ao consumidor da energia elétrica em diversos países (infelizmente o Brasil não está nela). O preço varia de US$ 0,0786 no México até US$ 0,3655 na Dinamarca. Nosso valor é comparável aos US$ 0,2060 do Reino Unido. Poderia ser menor.
Com ou sem MW/h sou a favor da assinatura do manifesto. Acho poucas as 2781 dada a dimensão da campanha. Talvez as pessoas tenham se intimidado pelo MW/h e recusam-se a assinar um documento com um erro tão básico de unidades!
Upideite 31/12/2011: O deputado federal Alfredo Sirkis escreveu dia 15/12/2011 um artigo chamado O Desafio Solar na Folha de São Paulo (acesso só para assinantes) onde mede energia elétrica em MW/h e GW/h. Apesar das boas intenções ecológicas, o erro continua. Não é possível medir energia em W/h.
Num anúncio de página dupla (páginas B6 e B7) na edição dominical da Folha de São Paulo, a FIESP reclama do preço cobrado pela energia brasileira. Curiosamente, em todo o anúncio não é dito nenhuma vez que eles estão se referindo às tarifas da energia elétrica.
O pior é quando o anúncio denuncia que o preço médio da energia (elétrica, subentende-se) vendido nas usinas é de R$ 90,98 por megawatt/hora. Essa unidade meio estranha se repete outras vezes no texto.
O que há de errado nisso? Simples: megawatt/hora não é uma unidade de energia! o Watt é uma unidade de potência no Sistema Internacional de Unidades (SI), adotado no Brasil. A unidade de energia é o Joule. Um Watt corresponde a um Joule/s. Em sistemas elétricos é comum utilizar-se a unidade prática Watt.hora, que corresponde a uma potência de um Watt utilizada durante uma hora. Um megaWatt.hora (MWh) corresponde a um milhão (10 elevado à potência 6) Watts.hora.
As concessionárias cobram pela energia consumida, não pela variação da potência com o tempo, como sugere a campanha da FIESP. Se o texto da FIESP estivesse correto, poderíamos deixar todas as luzes, computadores e chuveiros elétricos da casa funcionando o tempo todo e não pagaríamos nada por isso desde que não houvesse variação da potência utilizada.
Na própria página da campanha o megawatt/hora aparece impune na seção chamada "Entenda" (!).
Uma entidade como a FIESP, povoada por engenheiros, devia ser um pouco mais cuidadosa com unidades em seus textos oficiais.
Motivado pela campanha fui conferir minha conta de luz. A CPFL cobra aqui em Campinas R$ 0,32882 pelo kWh, ou seja, R$ 328,82 pelo MWh. Isso é mais de 3 vezes o custo médio na usina! Pagamos pela distribuição o dobro do que pagamos pela geração. Há uma publicação muito legal que compara os preços ao consumidor da energia elétrica em diversos países (infelizmente o Brasil não está nela). O preço varia de US$ 0,0786 no México até US$ 0,3655 na Dinamarca. Nosso valor é comparável aos US$ 0,2060 do Reino Unido. Poderia ser menor.
Com ou sem MW/h sou a favor da assinatura do manifesto. Acho poucas as 2781 dada a dimensão da campanha. Talvez as pessoas tenham se intimidado pelo MW/h e recusam-se a assinar um documento com um erro tão básico de unidades!
Upideite 31/12/2011: O deputado federal Alfredo Sirkis escreveu dia 15/12/2011 um artigo chamado O Desafio Solar na Folha de São Paulo (acesso só para assinantes) onde mede energia elétrica em MW/h e GW/h. Apesar das boas intenções ecológicas, o erro continua. Não é possível medir energia em W/h.
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