Uma notícia no mínimo curiosa chamou a atenção depois das eleições 2008 no Brasil: A influência dos astros na política. Em Recife, tanto o prefeito que sai João Paulo quanto o prefeito eleito no primeiro turno João da Costa são adeptos da astrologia e mantiveram até uma assessoria astrológica para consulta. O trabalho foi comandado pelo astrólogo Eduardo Maia, que há cinco anos e meio opina sobre a gestão do prefeito, no cargo desde 2001. Maia é astrólogo profissional, professor de Astrologia, fundador e diretor da Academia Castor & Pólux, pesquisador e conferencista nas áreas de astrologia, simbologia, mitologia, cinema, teatro, poesia e arte tradicional. A Academia Castor & Pólux, segundo o gabinete do prefeito de Recife, "é uma das mais antigas do país e trabalha na reconstituição da astrologia enquanto ciência, arte e conhecimento tradicional, partindo do estudo do simbolismo contido em várias áreas do saber humano."
Qualificar astrologia como ciência é no mínimo equivocado. Talvez alguns astrólogos a percebam assim, mas isso ocorre apenas porque essas pessoas não sabem o que é ciência. A confusão aumenta porque em astrologia se mistura pensamento positivo com conhecimento científico da astronomia observacional. Os astrônomos usam conhecimento científico para determinar com alguma precisão a posição dos astros. Quando Eduardo Maia afirmou, por exemplo, que Urânio entrou em Aquário, ele na verdade utilizou conhecimento científico para determinar a posição de Urânio no céu. Talvez ele não saiba, mas só é possível fazer esse cálculo porque muita gente observou muitos astros no céu e registrou suas posições durante séculos. Foi preciso entender as leis da gravitação para poder formular esses softwares que os astrólogos usam para determinar a posição dos astros a qualquer momento em qualquer lugar do planeta.
Astrologia não é ciência, é fé. Seus praticantes acreditam que a posição dos astros tem influência sobre o que acontece na nossa vida, sem nunca terem tido evidência alguma para isso ou proporem um mecanismo pelo qual isso ocorre. Quem nunca esteve numa conversa em que alguém pergunta seu signo? Ao responder segue-se inevitavelmente o comentário "Claro, óbvio, agora entendo você". Durante um tempo eu passei a dizer o signo que me passava pela cabeça ao acaso. Curiosamente o comentário era sempre "Claro, óbvio, agora entendo você". As supostas características de cada signo são suficientemente gerais para abraçar todo mundo. Tem mais sobre o assunto aqui.
João da Costa votou exatamente às 12:05h, momento determinado pelo astrólogo no qual uma conjunção astral lhe seria particularmente favorável. Chegou a pedir para que as pessoas na fila lhe deixassem passar. O candidato acreditou que votando às 12:05h sua chance de ser eleito seria maior. Ele efetivamente foi eleito no primeiro turno. Quem poderá convencê-lo que o efeito não se deve à causa que ele supõe, e que sua eleição é na verdade resultado de sua preferência popular e que ele poderia ter votado em qualquer momento do dia e o resultado seria o mesmo, independentemente dos humores de Urano?
Isso é o resultado de uma aplicação intuitiva e equivocada do método científico. Imaginemos que alguém levantasse a hipótese de que bananas são venenosas, porque alguém passou mal e morreu por alguma causa qualquer depois de comer bananas. Aí deixamos de comer bananas e continuamos vivos. "Confirmamos" nossa suspeita e passamos a acreditar que a hipótese da banana venenosa estava correta. Essa nossa conclusão, bananas são venenosas, não tem efeito importante algum. Sobrevivemos sem comer bananas, apesar de a vida perder um prazer imenso. Estabelecemos um falso positivo.
Para evitar cair nas ciladas dos falsos positivos é preciso entender o método científico. Verificar uma hipótese pode ser mais complicado do que imagina nossa vã filosofia. Infelizmente as pessoas em geral buscam validar suas crenças pela experiência cotidiana em lugar de desafiá-las.
Astrologia não é ciência, é fé. Seus praticantes acreditam que a posição dos astros tem influência sobre o que acontece na nossa vida, sem nunca terem tido evidência alguma para isso ou proporem um mecanismo pelo qual isso ocorre. Quem nunca esteve numa conversa em que alguém pergunta seu signo? Ao responder segue-se inevitavelmente o comentário "Claro, óbvio, agora entendo você". Durante um tempo eu passei a dizer o signo que me passava pela cabeça ao acaso. Curiosamente o comentário era sempre "Claro, óbvio, agora entendo você". As supostas características de cada signo são suficientemente gerais para abraçar todo mundo. Tem mais sobre o assunto aqui.
João da Costa votou exatamente às 12:05h, momento determinado pelo astrólogo no qual uma conjunção astral lhe seria particularmente favorável. Chegou a pedir para que as pessoas na fila lhe deixassem passar. O candidato acreditou que votando às 12:05h sua chance de ser eleito seria maior. Ele efetivamente foi eleito no primeiro turno. Quem poderá convencê-lo que o efeito não se deve à causa que ele supõe, e que sua eleição é na verdade resultado de sua preferência popular e que ele poderia ter votado em qualquer momento do dia e o resultado seria o mesmo, independentemente dos humores de Urano?
Isso é o resultado de uma aplicação intuitiva e equivocada do método científico. Imaginemos que alguém levantasse a hipótese de que bananas são venenosas, porque alguém passou mal e morreu por alguma causa qualquer depois de comer bananas. Aí deixamos de comer bananas e continuamos vivos. "Confirmamos" nossa suspeita e passamos a acreditar que a hipótese da banana venenosa estava correta. Essa nossa conclusão, bananas são venenosas, não tem efeito importante algum. Sobrevivemos sem comer bananas, apesar de a vida perder um prazer imenso. Estabelecemos um falso positivo.
Para evitar cair nas ciladas dos falsos positivos é preciso entender o método científico. Verificar uma hipótese pode ser mais complicado do que imagina nossa vã filosofia. Infelizmente as pessoas em geral buscam validar suas crenças pela experiência cotidiana em lugar de desafiá-las.
Desejo sucesso à nova gestão de Recife, independentemente do que os astros lhe reservam...
Comentários
Obrigado pela observação!
Só podemos opinar com propriedade sobre aquilo que experimentamos sem preconceito.
Abs.
Obrigado pelo "jovem". Adorei.
A ciência não tem como objetivo saber tudo e muito menos ser dona da verdade absoluta, se é que isso existe. Nem chegar ao auge da evolução. A ciência é uma ferramenta que a humanidade inventou para tentar interpretar a natureza. Para isso ela tem um método que permite separar o que existe de verdade do que nós achamos que existe. Não há nenhuma evidência de verdade que indique que a posição dos astros de alguma forma influa nosso comportamento.
Quanto ao que você chama de "energias sutis", se elas existem e se manifestam de alguma forma nós poderemos estudá-las. Mas não basta crermos nelas, precisamos de alguma indicação detetável...
Abraço,
Leandro
Seguem os links:
http://www.aldeiaplanetaria.com.br/astro-sintese/Esclarec.htm
http://devir.wordpress.com/2010/03/06/seu-kit-de-defesa-contra-a-astrologia-malvada/
sobre a suposta mudança dos signos:
http://devir.wordpress.com/2011/01/22/a-guerra-nas-entrelinhas/
Abços!