A Universidade Presbiteriana Mackenzie adotou uma política de promoção de idéias obscurantistas que deve ser motivo de atenção pela comunidade científica e pelos que se preocupam com cultura científica. Em 2008 organizou o "I Simpósio Internacional Darwinismo Hoje", um evento que apesar do nome foi nada mais que uma celebração do criacionismo e do intelligent design. Comentei aqui no blog. Depois disso foram divugadas as apostilas para o ensino fundamental onde a criação divina era apresentada como explicação para a diversidade e "perfeição" da natureza. Comentei aqui no blog.
Agora está anunciado o "II Simpósio Internacional Darwinismo Hoje". Espero que a série pare por aí.
Agora está anunciado o "II Simpósio Internacional Darwinismo Hoje". Espero que a série pare por aí.
Na apresentação há a justificativa para o evento:
O grifo é nosso. Essa última afirmação faz parte da tática que os criacionistas e adeptos do intelligent design vêm usando no mundo todo. Equiparar sua leitura literal e fundamentalista da Bíblia judaico-cristã, em particular do Gênesis às descobertas da ciência e afirmando que a postura razoável e compatível com o "espírito da Academia" deve ser a do debate.
No entanto, devem ficar claro que isso é um argumento falacioso e mal intencionado. Não há espaço para debate científico quando não se aceitam evidências que contradizem suas idéias (na verdade idéias de quem escreveu as escrituras que eles adotaram como verdade absoluta). É comum criacionistas argumentarem que a terra tem menos de 6 mil anos, ainda que NENHUMA evidência aponte para essa afirmação exceto o Gênesis (que NÃO é e nem pode ser tratado como evidência). Recentemente num debate na TV o biólogo Mário de Pinna da USP afirmou com ótimo humor que "é impossível você achar que a história do universo tem menos do que o tempo de domesticação do cachorro".
A ciência é uma invenção humana. O Gênesis foi escrito muito antes de a humanidade criar a ciência ou o método científico. Trata-se sim de uma descrição da natureza e suas origens, feita a partir do que se conhecia na época em que foi escrito. Se fosse escrito hoje certamente seria diferente, evolucionista, compatível com o estágio atual do conhecimento.
Mais adiante na apresentação:
De novo o grifo é meu. Existem dois tipos de teorias: as que correspondem aos fatos e as que não correspondem aos fatos. A ciência é uma metodologia para determinar quais as teorias que correspondem aos fatos e devem continuar sendo estudadas e quais as que não correspondem aos fatos e devem ser abandonadas. Não podem duas teorias contraditórias estar corretas. Devemos sim insistir em uma única teoria. Uma teoria que postule que os objetos caem para cima certamente desafia as observações experimentais e rapidamente é esquecida. O mesmo deveria ocorrer com o criacionirmo e o intelligent design.
Na apresentação dos palestrantes há um rótulo ao lado do nome de alguns deles, indicando a que religião pertencem: criacionista, evolucionista, Design Inteligente(que na verdade é uma forma de criacionismo). Curiosamente isso é omitido em alguns:
Quais serão os resultados do Simpósio? Eles são perfeitamente previsíveis.
Do ponto de vista acadêmico e científico nenhum. Ocorrerá mais um debate em que um grupo adota uma posição pseudocientífica e recusa-se a aceitar qualquer idéia ou evidência que desafie (literalmente) sua Bíblia. Os fósseis não são evidências para eles, a datação radiométrica não é evidência para eles. Nenhum criacionista abandonará sua religião. O bom da ciência é que ela está, ao contrário, sempre pronta para avançar quando aparecem novas evidências.
Do ponto de vista midiático, certamente ocorrerá a exposição de idéias religiosas travestidas de científicas. Para o pacato cidadão não há diferença entre uma revista científica séria e um pasquim criacionista, entre uma instituição de pesquisa científica e um instituto de divulgação do intelligent design. O criacionismo aparecerá como uma alternativa séria à teoria da evolução. No Brasil real, desafiar a palavra divina ainda é visto com maus olhos. Ponto para eles.
Sempre que a ciência é colocada no nível de crenças e superstições a humanidade perde. Não devemos prestigiar de eventos como esse. Não devemos cair na armadilha de um suposto debate aberto, franco e pluralista. Não é isso que vai ocorrer no Mackenzie.
O II Simpósio trata basicamente dos mesmos temas, mas avança um pouco, ao ampliar o número de palestrantes e debatedores representantes do Darwinismo, do Design inteligente e do criacionismo. Dessa forma, o Mackenzie procura manter o espírito da Academia como o local adequado para o debate, para o contraditório.
O grifo é nosso. Essa última afirmação faz parte da tática que os criacionistas e adeptos do intelligent design vêm usando no mundo todo. Equiparar sua leitura literal e fundamentalista da Bíblia judaico-cristã, em particular do Gênesis às descobertas da ciência e afirmando que a postura razoável e compatível com o "espírito da Academia" deve ser a do debate.
No entanto, devem ficar claro que isso é um argumento falacioso e mal intencionado. Não há espaço para debate científico quando não se aceitam evidências que contradizem suas idéias (na verdade idéias de quem escreveu as escrituras que eles adotaram como verdade absoluta). É comum criacionistas argumentarem que a terra tem menos de 6 mil anos, ainda que NENHUMA evidência aponte para essa afirmação exceto o Gênesis (que NÃO é e nem pode ser tratado como evidência). Recentemente num debate na TV o biólogo Mário de Pinna da USP afirmou com ótimo humor que "é impossível você achar que a história do universo tem menos do que o tempo de domesticação do cachorro".
A ciência é uma invenção humana. O Gênesis foi escrito muito antes de a humanidade criar a ciência ou o método científico. Trata-se sim de uma descrição da natureza e suas origens, feita a partir do que se conhecia na época em que foi escrito. Se fosse escrito hoje certamente seria diferente, evolucionista, compatível com o estágio atual do conhecimento.
Mais adiante na apresentação:
Não se pode mais, diante do avanço científico e das recentes descobertas da bioquímica, insistir-se numa única teoria como a explicação exclusiva da realidade. É necessário que todas as vozes sejam ouvidas nessas questões fundamentais, que tocam praticamente em todas as áreas do conhecimento e nos mais diversos setores da nossa vida.
De novo o grifo é meu. Existem dois tipos de teorias: as que correspondem aos fatos e as que não correspondem aos fatos. A ciência é uma metodologia para determinar quais as teorias que correspondem aos fatos e devem continuar sendo estudadas e quais as que não correspondem aos fatos e devem ser abandonadas. Não podem duas teorias contraditórias estar corretas. Devemos sim insistir em uma única teoria. Uma teoria que postule que os objetos caem para cima certamente desafia as observações experimentais e rapidamente é esquecida. O mesmo deveria ocorrer com o criacionirmo e o intelligent design.
Na apresentação dos palestrantes há um rótulo ao lado do nome de alguns deles, indicando a que religião pertencem: criacionista, evolucionista, Design Inteligente(que na verdade é uma forma de criacionismo). Curiosamente isso é omitido em alguns:
- Paul Nelson, notório criacionista e membro do Discovery Institute. Ainda segundo a apresentação é "Autor de vários artigos científicos em revistas especializadas." O Dr. Nelson é efetivamente autor de vário artigos. Nenhum sobre criacionismo foi publicado em uma revista científica.
- John Lennox, apologético cristão e criacionista, vem participando de debates em que argumenta em favor da existência de Deus.
Quais serão os resultados do Simpósio? Eles são perfeitamente previsíveis.
Do ponto de vista acadêmico e científico nenhum. Ocorrerá mais um debate em que um grupo adota uma posição pseudocientífica e recusa-se a aceitar qualquer idéia ou evidência que desafie (literalmente) sua Bíblia. Os fósseis não são evidências para eles, a datação radiométrica não é evidência para eles. Nenhum criacionista abandonará sua religião. O bom da ciência é que ela está, ao contrário, sempre pronta para avançar quando aparecem novas evidências.
Do ponto de vista midiático, certamente ocorrerá a exposição de idéias religiosas travestidas de científicas. Para o pacato cidadão não há diferença entre uma revista científica séria e um pasquim criacionista, entre uma instituição de pesquisa científica e um instituto de divulgação do intelligent design. O criacionismo aparecerá como uma alternativa séria à teoria da evolução. No Brasil real, desafiar a palavra divina ainda é visto com maus olhos. Ponto para eles.
Sempre que a ciência é colocada no nível de crenças e superstições a humanidade perde. Não devemos prestigiar de eventos como esse. Não devemos cair na armadilha de um suposto debate aberto, franco e pluralista. Não é isso que vai ocorrer no Mackenzie.
Comentários
...No entanto, devem ficar claro que isso é um argumento falacioso e mal intencionado. Não há espaço para debate científico quando não se aceitam evidências que contradizem suas idéias (na verdade idéias de quem escreveu as escrituras que eles adotaram como verdade absoluta)".
Mas é exatamente isto que o criacionismo faz em relação ao evolucionismo! (e com bases científicas muito mais plausíveis!) Como você mesmo disse, os defensores do Inteligente Design e do Criacionismo utilizam o evento da Mackenzie "para debater", não para se dizerem os donos da verdade. Se estamos errados, que aproveitem o evento para nos desmascarar, oras! Agora, se o criacionismo é tão falseável assim, porque os "renomados" evolucionistas não mostram isso no evento da Sipósio?
A ciência deve ser neutra e aberta, isto se aprende em metodologia. Vocês criticam cegamente o Inteligent Design, fazendo da evolução um dogma inquestionável de fé, destruindo a neutralidade e o verdadeiro dever da ciência - analisar os fatos e propor teorias, ouvir todos os pontos de vistas diferentes que sejam plausíveis (como o Criacionismo e o DI), e não colocar uma teoria qualquer (esta, a que mais comoteu erros e fraudes na história da ciência).
Sejamos humildes evolucionistas: não há espaço para debate científico quando não se aceitam evidências que contradizem suas idéias...
Por favor aponte 5 evidências fortes de que o universo não tem mais que 6 mil anos. Sempre que possível use como referências publicações científicas de prestígio no meio acadêmico.
Aí sim podemos começar um debate, a partir de achados experimentais, não de dogmas...
Grande abraço,
Leandro
Tu acreditas mesmo que os mecanismos evolutivos propostos pelo neodarwinismo originaram toda a diversidade e complexidade da vida que hoje existe?
Acreditas convictamente que mutações aleatórias,seleção natural e o tempo (milhões e milhões de anos) são a razão de tu e eu estarmos hoje aqui?
Tenho que admitir que tu és um homem de muita fé. Sabe-se empiricamente (metodologia científica) que tais "mecanismos evolutivos" não podem criam nova informação genética complexa (funções e estruturas novas ao organismo). Pelo contrário, apenas retiram a complexidade do organismo e/ou reduzem a variabilidade genética.
Procure Interpretar as evidências de uma forma honesta e verás que aquilo que, hoje, entendemos ser evolução,na realidade deveria chamar-se involução (da ordem para desordem). O "efeito" não pode ser maior que a sua "Causa". A lei da biogênese propõe que somente a Vida pode gerar outra vida.
Abraço!