R. Barker Bausell, autor do excelente Snake Oil Science publicou um interessante artigo na Chronicle of Higher Education de 14/03/08. Durante 5 anos Barker Bausell foi o diretor científico do infame NCCAM, o Centro Nacional para Medicina Complementar e Alternativa, financiado pelo NIH, a Agência Nacional de Pesquisa Médica americana. A operação do NCCAM já custou ao contribuinte norte-americano mais de US$ 860 milhões e essa cifra aumenta mais de US$ 100 milões a cada ano. Até agora as conclusões das pesquisas metodologicamente corretas patrocinadas pelo NCCAM sobre medicina complementar e alternativa (MCA) são claras:
1. As diversas técnicas de MCA têm efeito terapêutico mensurável.
2. O efeito terapêutico da MCA nunca é maior do que o associado ao efeito placebo.
O efeito placebo consiste na melhoria de sintomas clínicos não por uma ação eficaz do medicamento ou tratamento, mas simplesmente porque o paciente percebe que está sendo tratado. Esse assunto e os mecanismos envolvidos será tratado num artigo futuro. A conclusão final de Barker Bausell é que ao contrário da conclusão padrão dos testes do NCCAM, " mais estudos são necessários para demonstrar a ação do tratamento", o correto seria pararmos de financiar esse tipo de estudo. É realmente necessário gastar centenas de milhões de dólares em sofisticados testes controlados duplo-cego para verificar se agulhas inseridas no corpo podem canalizar o fluxo de qi (uma forma de energia vital ainda não detectada pelos físicos) por um sistema de meridianos (ainda não detectados pelos fisiologistas) para deixar o yin e o yang do paciente em equilíbrio (ainda não medido) e assim aliviar os sintomas?
Todos os testes de MCA com resultados positivos contém falhas metodológicas, algumas vezes graves. Em geral são feitos por defensores das terapias alternativas, que apesar de bem intencionados ignoram o rigor com que os protocolos de pesquisa precisam ser considerados para que os resultados sejam relevantes. Nem todo mundo foi educado para entender as sutilezas metodológicas envolvidas.
As terapias da MCA são tomadas como atos de fé: mesmo que todas as evidências mostrem sua ineficácia elas continuam e continuarão a ser usadas. A fé na MCA é muito similar à fé religiosa: os dogmas permanecem eternamente acima da razão e do bom senso. Os fiéis tendem a continuar fiéis ou mesmo passar de uma modalidade de MCA a outra.
Enquanto nos Estados Unidos propõe-se o fim do apoio financeiro a esse tipo de pesquisa, no Brasil seria um bom começo a revogação da portaria que autoriza, reconhece o valor terapêutico e incentiva as unidades de saúde a adotarem terapias como a acupuntura, a homeopatia, a fitoterapia e o termalismo. Tudo isso financiado pelo SUS. É verdade que a MCA tem um custo muito inferior ao da medicina. Por outro lado, é exorbitantemente caro pagar não importa quanto por uma terapia que não tem efeito terapêutico maior do que oferecer um copo d'água benta ou de um soprinho mágico. Ou pior, como fez a Secretaria da Saúde de São José do Rio Preto, tratar em Centros de Saúde uma doença mortal como a dengue hemorrágica com homeopatia.
1. As diversas técnicas de MCA têm efeito terapêutico mensurável.
2. O efeito terapêutico da MCA nunca é maior do que o associado ao efeito placebo.
O efeito placebo consiste na melhoria de sintomas clínicos não por uma ação eficaz do medicamento ou tratamento, mas simplesmente porque o paciente percebe que está sendo tratado. Esse assunto e os mecanismos envolvidos será tratado num artigo futuro. A conclusão final de Barker Bausell é que ao contrário da conclusão padrão dos testes do NCCAM, " mais estudos são necessários para demonstrar a ação do tratamento", o correto seria pararmos de financiar esse tipo de estudo. É realmente necessário gastar centenas de milhões de dólares em sofisticados testes controlados duplo-cego para verificar se agulhas inseridas no corpo podem canalizar o fluxo de qi (uma forma de energia vital ainda não detectada pelos físicos) por um sistema de meridianos (ainda não detectados pelos fisiologistas) para deixar o yin e o yang do paciente em equilíbrio (ainda não medido) e assim aliviar os sintomas?
Todos os testes de MCA com resultados positivos contém falhas metodológicas, algumas vezes graves. Em geral são feitos por defensores das terapias alternativas, que apesar de bem intencionados ignoram o rigor com que os protocolos de pesquisa precisam ser considerados para que os resultados sejam relevantes. Nem todo mundo foi educado para entender as sutilezas metodológicas envolvidas.
As terapias da MCA são tomadas como atos de fé: mesmo que todas as evidências mostrem sua ineficácia elas continuam e continuarão a ser usadas. A fé na MCA é muito similar à fé religiosa: os dogmas permanecem eternamente acima da razão e do bom senso. Os fiéis tendem a continuar fiéis ou mesmo passar de uma modalidade de MCA a outra.
Enquanto nos Estados Unidos propõe-se o fim do apoio financeiro a esse tipo de pesquisa, no Brasil seria um bom começo a revogação da portaria que autoriza, reconhece o valor terapêutico e incentiva as unidades de saúde a adotarem terapias como a acupuntura, a homeopatia, a fitoterapia e o termalismo. Tudo isso financiado pelo SUS. É verdade que a MCA tem um custo muito inferior ao da medicina. Por outro lado, é exorbitantemente caro pagar não importa quanto por uma terapia que não tem efeito terapêutico maior do que oferecer um copo d'água benta ou de um soprinho mágico. Ou pior, como fez a Secretaria da Saúde de São José do Rio Preto, tratar em Centros de Saúde uma doença mortal como a dengue hemorrágica com homeopatia.
Comentários
http://www.sciencebasedmedicine.org/?p=62
Se sibutramina é ou não milagrosa eu não sei dizer. Não entendo de milagres. Uma coisa é certa: é possível associar a ingestão da sibutramina com diminuição de peso acima do efeito placebo. Isso não ocorre com os tratamentos alternativos, que nunca apresentam efeito maior que o placebo.
Esclareço que não ganho nenhum por fora de laboratório algum.
Tenho dedicado boa parte da minha vida a pesquisar fenômenos quânticos (com isso ganho a vida e não preciso do por fora de nenhum laboratório).