Participar do II EWCLiPo foi uma experiência muito gratificante. Rever amigos, conhecer novos, discutir ciência e cultura científica, aprender com pessoas que pensam parecido comigo e especialmente com pessoas que pensam diferente. Acima de tudo ver nossa pequena comunidade crescendo e fazendo alguma diferença. Infelizmente eu não pude ficar no domingo para ouvir algumas palestras que devem ter sido excelentes. Eu precisava viajar para a Colômbia ao meio dia e precisei sair cedo. Para minha felicidade ainda levei até Niterói uma carona com quem mantive uma conversa tão boa e envolvente que nem notei passar as duas horas e meia entre Arraial do Cabo e o Rio. Então de alma leve embarquei no vôo da Copa Airlines. Como cheguei ao aeroporto em cima da hora não tive tempo para comprar um livro para ler na viagem. Apelei para a revista de bordo. Qual não foi minha surpresa quando dei de cara com uma manchete na página de Ciência (uma revista de bordo ter uma página de Ciência em si só já é uma boa notícia. O exemplo poderia ser seguido pelas companhias aéreas brasileiras): “Pesquisa invalida eficácia de terapia magnética”. Trata-se de um estudo feito na Pontifícia Universidad Javeriana de Colômbia, em Bogotá. Descobri mais na revista “Pesquisa” dessa universidade: Foi feito um estudo duplo-cego aleatorizado sobre o efeito de imãs sobre a dor no pós-operatório de 165 voluntários. O estudo concluiu o que qualquer pessoa de bom senso esperaria: o efeito dos ímãs é zero. Nenhum. Nada além do efeito placebo. O trabalho foi publicado na Anesthesia and Analgesia e foi o assunto de três editoriais.
Por que estudar um assunto como esse? Porque por incrível que pareça a indústria de imãs com supostos efeitos terapêuticos é um negócio bilionário no mundo inteiro. No Brasil várias empresas os vendem para diferentes propósitos. Por sorte magnetoterapia não foi elevada à condição de especialidade médica, ao contrário de uma outra terapêutica que após anos e anos de estudo nunca apresentou efeito superior ao placebo.
O que mais me intriga nisso é o que leva as pessoas a acreditar que a presença de um imã poderia trazer algum efeito benéfico. Magnetismo é tido por muitos como algo misterioso. Já vi gente argumentar que a hemoglobina contém ferro e portanto os imãs poderiam influenciar beneficamente o fluxo sanguíneo. Claro, todos sabemos que imãs atraem ferro metálico. Felizmente o ferro na hemoglobina não é metálico. Ele está num estado eletrônico fracamente diamagnético, que na verdade é muito fracamente repelido por um campo magnético Para obtermos algum efeito detectável é preciso aplicar campos muito maiores que os presentes em pewquenos ímãs. Por isso não somos arrastados pelos vários campos magnéticos presentes no nosso dia a dia.
A maior parte das pessoas que usam terapias magnéticas não lê revistas científicas. Aproximar um ímã de um ponto doloroso não causa nenhum dano. Usar ou não essas terapias é uma questão de fé. Sé espero que ninguém as use em lugar de um tratamento convencional. Na ausência de regulação oficial os fabricantes continuarão fazendo afirmações pseudo-científicas em seus produtos. Um comerciante apresenta a assinatura de um geriatra em um"parecer médico". Eu lembro de um fato ocorrido quando eu ainda era um mestrando na Unicamp. O colchão magnético Kenko Patto solicitou um laudo de toxicidade à Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Como ele não apresentava toxicidade, recebeu um laudo de que não apresentava riscos à saúde. O fabricante passou a destacar em sua publicidade “aprovado pela Unicamp”. Só parou depois de um processo judicial.
É triste ver tanta gente se deixando enganar.
Comentários
Sinceramente, não tenho opinião formada sobre o assunto. Certo que os pais foram negligentes, mas tendo a vê-los mais como vítimas do que como homicidas.
Quanto ao médico homeopata, todavia, minha opinião está bem formada: se há alguém que mereceria ir à cadeira, era ele.
Embora um pouco antigo, achei esse artigo muito interessante.
Hoje em dia o magnetismo nos colchões nem é levado tão a sério pelos fabricantes pois o que de fato provê efeito terapêutico é o infra-vermelho longo junto com a ionização à base de prata. O fabricante Kenko Patto usa esses métodos e já vi seus efeitos em questão de minutos, mesmo em pessoas que nem sabiam o que estavam usando.
É uma tecnologia que vale a pena ser entendida.
Por favor, dê uma olhada em meu site nesta página que contém uma pesquisa européia sobre a photon platina da Kenko Patto.
http://www.conforsoft.com.br/photon-platina.pdf
Abraços.
Marcelo
trincos nas paredes com o tempo, por isso recomendo (enquanto os fabricantes desse tipo de colchão não tomar alguma provedência, como p. ex.: mandar junto com o colchão um pedaço de borracha amortecedora para ser colocada nos pés da cama . Tem pessoas que colocam o colchão diretamente sobre uma elevação de cimento, o que deve ser ainda pior para as paredes. Alguns acréscimos de acessórios (tipo: colocar amortecimento nos pés da cama, mandar junto com a cama uma cinta elástica de boa qualidade, p.ex.) e a inclusão de mais orientações aos usuários no manual (tipo: não levante da cama sem antes colocar a cinta elástica e, de preferência, use a trepidação antes de dormir por pelo menos 4 horas) deveriam serem acrescentadas. Nota: se usares a cinta elástica durante mais de 4 dias seguidos e sem tirar ela, enfraquecerás os músculos que a sustenta. Uma maneira de evitar que aconteça algum acidente com sua coluna é, além de colocar a cinta elástica antes de sair da cama, sair da cama como sai uma criança, ou seja, role e fique de
barriga para baixo, jogue as pernas para fora da cama, fique de joelhos no chão e levante a coluna o mais ereto possível. Vejam o que diz SilvioLP neste site:
http://www.mundodastribos.com/colchoes-magneticos.html/comment-page-1#comment-465841
Uma coisa aprendi que na vida, não tenho o direito de ser o dono da verdade, pois, não sou Deus, e sim, apenas um ser humano, um eterno aprendiz.
Abç.
S.L.R.